Nota de Repúdio ao Carrefour
A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos vem, por meio desta nota, manifestar repúdio e pesar pelo brutal assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos, por dois seguranças do Carrefour Passo D’areia, em Porto Alegre, identificados como Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva.
Os casos de violência e racismo têm sido recorrentes em estabelecimentos da rede de supermercados Carrefour, demonstrando uma despreocupação da empresa em possibilitar segurança e respeito a seus clientes.
Na noite do dia 19 de novembro, véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, João Alberto foi espancado, sem qualquer chance de defesa, até a morte no estacionamento do supermercado pelos dois seguranças.
Vários são os casos de racismo espalhados por estabelecimentos no Brasil afora. Aqui no Maranhão infelizmente não é diferente. No começo de 2020, diversas denúncias surgiram nas redes sociais apontando práticas racistas vindas de funcionários do restaurante Flor de Vinagreira, localizado no Centro Histórico de São Luís. Fincados no racismo, diversos espaços da vida cotidiana continuam agredindo e matando pessoas negras por todo o país.
É inegável que vivemos em uma sociedade racista que sistematicamente tem operado o genocídio do povo negro. Enquanto não reconhecermos essas estruturas e trabalharmos na construção de políticas públicas efetivas que garantam a vida da população negra, serão frequentes as notas de repúdio e pesar. Pessoas negras continuarão sendo assassinadas e o sentimento de naturalidade instaurado pelas estruturas racistas da sociedade brasileira continuará sendo recorrente.
É preciso destruir essas estruturas.
Apurados todos os fatos, é indispensável que o Carrefour seja responsabilizado pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, para assim rompermos com a naturalidade que paira sobre os crimes de racismo cometidos no Brasil.
À família, expressamos nossas sinceras condolências nesse momento de profunda dor. Continuaremos comprometidos na luta em defesa da vida e por uma sociedade livre de opressões.
Racistas não passarão!
São Luís, 20 de novembro de 2020.
Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.