Sociedade Maranhense de Direitos Humanos celebra 46 anos em Defesa da Vida

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos celebra 46 anos em Defesa da Vida

Organização da Sociedade Civil foi fundada em 12 de fevereiro de 1979

A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos – SMDH – comemorou, nesta quarta-feira (12), 46 anos de existência. A data de fundação acompanha a realização da primeira assembleia da instituição, no ano de 1979.

A entidade tem como desafio na sociedade atual a construção de um projeto político por democracia com poder popular, direitos humanos e bem viver, sobretudo na luta contra a disseminação de narrativas e ações que, ao longo da história, têm sustentado uma forma de pensar e viver que relativiza, banaliza e normaliza a violência, com ameaças às vidas e territórios. “A SMDH é uma forma de conviver com as pessoas dentro de um projeto pela dignidade humana na integralidade dos direitos humanos”, reconhece Joisiane Gamba, advogada e membro da coordenação colegiada da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.


E tudo começou no final dos anos 70, quando as instituições da sociedade civil lutavam para garantir o processo de redemocratização do Brasil e a aprovação da Lei da Anistia aos perseguidos políticos pelo regime militar. No Maranhão, a implantação de grandes empreendimentos, como a Ferrovia Carajás, a empresa de alumínios Alcoa e a Vale do Rio Doce, ampliou a violência e mortes no campo, com a expropriação de terras e diversos conflitos agrários. A saída de muitas famílias camponesas para a capital gerou o crescimento da população das periferias de São Luís.

Havia uma lacuna de representação institucional da sociedade civil na defesa da liberdade democrática, e um grupo de militantes, que incluía intelectuais, artistas, estudantes, lideranças de comunidades e pessoas vinculadas a partidos clandestinos na época, se organizou para continuar os trabalhos de educação de base promovidos por movimentos populares. Assim, surgiu a Sociedade Maranhense de Direitos Humanos.

Desde seu surgimento, a SMDH pautou como bandeira de luta a defesa dos direitos humanos contra a ditadura, contra toda forma de tortura, contra as prisões, a favor da anistia, do direito pela terra, ao direito dos povos indígenas, quilombolas e povos tradicionais, um trabalho de resistência à opressão do sistema vigente.

Direito ao território

Na década de 80, dois grandes projetos criados pela SMDH fortaleceram a garantia do direito à terra pelos camponeses: o Projeto Tecnologias Alternativas (PTA) e o Projeto de Assessoria Jurídica a Comunidades Rurais (PAJ), que fortaleceram as organizações dos trabalhadores rurais, com assistência jurídica, articulação em rede e levantamento de experiências em tecnologias agrícolas.



A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos foi a primeira organização a pautar a defesa dos direitos dos extrativistas no Maranhão. A atuação dos projetos tinha foco na região Oeste do Maranhão, onde a presença do líder camponês Manoel da Conceição se tornou uma referência na luta pela terra e também na sistematização da linha de trabalho da SMDH, com acompanhamento sócio-jurídico, formação e fortalecimento organizacional das comunidades.

Outro grande projeto da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos garantiu o primeiro reconhecimento nacional a uma comunidade quilombola. O projeto Vida de Negro, desenvolvido em parceria com o Centro de Cultura Negra do Maranhão (CCN/MA), iniciou em 1988 com o mapeamento dos territórios e a garantia do direito à terra. O reconhecimento do Quilombo do Frechal foi um marco histórico para todas as comunidades quilombolas do país.

Desenvolvimento rural

Com o avanço do agronegócio na região do Baixo Parnaíba, na década de 90, a SMDH criou novos projetos na defesa dos trabalhadores agroextrativistas, preservação do meio-ambiente e das comunidades tradicionais. Surgiu o Projeto de Assessoria aos Trabalhadores/as Agroextrativistas (PAE), incluindo critérios de monitoramento e acompanhamento das situações de violência entre comunidades e empresas do agronegócio, além do debate sobre desenvolvimento no campo, justiça e segurança.

Para a SMDH o direito humano ao desenvolvimento refere-se à realização de um conjunto de direitos civis, políticos, econômicos, culturais e ambientais. Não se confunde com crescimento econômico, mas se realiza a partir da articulação desses direitos, ganhando sentido por meio da participação ativa das pessoas envolvidas no processo de desenvolvimento e do acesso destas a todos os outros direitos humanos.

Proteção à Vítimas e Testemunhas

Nos anos 2000 em diante, o debate sobre Segurança Pública passou a integrar os eixos de trabalho da SMDH, como forma de proteção de pessoas que atuavam em processos importantes e de grande repercussão em matéria de direitos humanos.

A proteção de testemunhas tem foco sobretudo no combate à impunidade e ao crime organizado. Surge o Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas do Maranhão (PROVITA), em 2001. Oito anos depois, a SMDH foi convidada a fazer a articulação do programa a nível nacional, pela excelência e referência na defesa dos direitos humanos.

Articulação em rede

A Sociedade Maranhense de Direitos Humanos atua na zona rural e urbana, com enfoque na promoção, proteção e defesa dos direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, que se desdobram na execução dos projetos: Programa de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas (Provita), com atendimento a 12 núcleos familiares e 37 pessoas; o Programa de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos (PEPDDH), com atendimento a 43 casos e 120 defensores, atuando nas regiões de Cocais, Tocantina, Sul, Norte, Itapecuru, Baixo Parnaíba e Baixada; o Projeto Sementes da Esperança; o Projeto Defendendo Vidas; o Projeto Sementes de Proteção; o Projeto ONU e o Projeto “Fortalecendo o Controle Popular Frente à Seletividade Penal”, com foco no controle popular das políticas de segurança pública e justiça criminal a estudantes, lideranças de bairros, organizações da sociedade civil e pesquisadores.

Articulando-se a outras entidades que lutam por direitos humanos, nos esforços de controle social e proposição de políticas públicas de direitos humanos, a SMDH tem participado de redes, fóruns, comitês e conselhos, a exemplo da Associação Brasileira de ONGs (ABONG), Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH), Plataforma Brasileira de Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais, Fórum Nacional de Entidades Gestoras do PROVITA, Fórum em Defesa da Vida do Baixo Parnaíba Maranhense, Comitê Estadual de Combate à Tortura e Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos.

Para conhecer um pouco mais da história da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, acesse o nosso canal no Youtube: @SMDHvida.

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